Chuva aumenta relatos de ferrugem da soja na safra 22/23

Como nas safras anteriores, o mês de janeiro apresentou rápido aumento nos relatos de ferrugem-asiática nos estados e municípios produtores de soja. Segundo levantamento do Consórcio Antiferrugem, na safra 2022/23, até o dia 27 de janeiro, foram 119 relatos da doença e a ferrugem está presente em nove estados brasileiros, sendo 79% das ocorrências em lavouras comerciais na fase de enchimento de grãos. Na mesma época, na safra passada, havia 59 relatos, porém, as condições climáticas eram diferentes – menor volume de chuvas na região Sul do País, Mato Grosso do Sul e Paraguai – o que antecedeu a ocorrência da doença.

Nesta sexta-feira, dia 3 de fevereiro, esse número chegou a 161 relatos em todo o país. Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com maior número de ocorrências, com 25 registros. Goiás é o segundo, com 34 ocorrências e Paraná é o primeiro, com 56 relatos de ferrugem asiática na safra 2022/23.

A pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, explica que a ferrugem é favorecida pelas chuvas bem distribuídas ao longo desta safra. “Em regiões em que as chuvas estão regulares, a doença é mais comum quando ocorrem falhas de aplicações de fungicidas ou os fungicidas usados ​​têm baixa eficiência para o controle da ferrugem”, explica Godoy.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mais de 50% das lavouras estão na fase de enchimento de grãos (após R5), situação em que a doença causa menos dano. Godoy afirma que o potencial de dano da ferrugem-asiática é maior nas lavouras ainda em estádio vegetativo, floração e formação de vagens, que recebem maior quantidade de inóculo do fungo das áreas semeadas mais cedo. 

“Permanecendo as condições toleradas para a doença, as lavouras mais atrasadas irão necessitar de aplicações com fungicidas com alta eficiência para o controle da doença”, alerta. “Mesmo os produtos mais eficientes para o controle devem estar associados ao uso de fungicidas multissítios, à medida que aumenta o inóculo de ferrugem nas regiões”, comenta.

A comparação da eficiência de fungicidas registrada e em fase de registro para o controle da ferrugem-asiática vem sendo feita em experimentos em rede, realizados desde a safra 2003/2004, no Brasil. Os fungicidas são apreciados, em aplicações sequenciais, em semeaduras tardias, para determinar a eficiência de controle. Os resultados mais recentes sobre a eficiência dos fungicidas para controle da ferrugem podem ser acessados aqui.

A pesquisadora da Embrapa relata ainda a ocorrência de outras doenças nessa safra. Nas regiões do Cerrado, por exemplo, onde vem ocorrendo boa distribuição de chuvas nas semeaduras iniciais, tem-se observado alta incidência de mancha-alvo. Além disso, na região Sul, há relatos de mofo-branco nas regiões mais altas com temperaturas mais amenas e em períodos de menor precipitação a presença do oídio.

Fonte: Lebna Landgraf/Embrapa Soja com acréscimo de informações

Foto: ANeto/Arquivo Embrapa