Produtores devem se preparar para as mudanças no escoamento da produção com a Rota Bioceânica

O Corredor Bioceânico está prestes a transformar a logística do agronegócio de Mato Grosso do Sul, criando novas oportunidades de exportação e ampliando a competitividade do setor. Com esse cenário em andamento, os produtores rurais precisam se preparar para os impactos econômicos e estruturais que surgirão com a conclusão do projeto. O tema, inclusive, está em debate no Seminário Internacional da Rota Bioceânica, que ocorre nesta semana e reúne representantes do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.

Segundo o Governo do Estado, o corredor via Porto Murtinho percorre um trajeto de 2.396 km, sendo 430km de Campo Grande a Porto Murtinho, 559 km no Paraguai, 977km na Argentina e 430km no Chile. Essa rota encurtará a distância na exportação para o Chile e países asiáticos. Até a China, serão 18.677 km — 5.479 a menos que os atuais 24.156 km. Além disso, viabilizará o acesso a potenciais mercados da Oceania e da Costa Oeste das Américas.

A Rota Bioceânica promete posicionar Mato Grosso do Sul como um polo estratégico do agro global, conectando o estado de forma inédita aos mercados internacionais e fortalecendo a economia local.

“A infraestrutura logística vai fortalecer a competitividade do agronegócio regional. Com isso, os produtores podem se beneficiar das novas possibilidades comerciais e de exportação, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração de Mato Grosso do Sul com mercados internacionais”, afirma o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni.

A conexão direta com os portos chilenos reduzirá significativamente o tempo de transporte e os produtos do agro poderão chegar ao mercado asiático com uma redução de 12 dias do tempo atual na rota mais utilizada.

O coordenador nacional dos Corredores Rodoviários e Ferroviários Bioceânicos pelo Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson, destaca que a Rota Bioceânica inaugura um novo modelo de logística colaborativa entre os países.

“Atualmente, os caminhões saem cheios e retornam vazios, o que eleva o custo do frete. No corredor, as empresas formarão parcerias e as cargas serão armazenadas em áreas específicas, permitindo uma redistribuição mais eficiente. O cruzamento dos Andes, por exemplo, será feito por motoristas argentinos ou chilenos, especializados nessa rota. Isso é o que chamamos de ‘logística colaborativa’”, explica Parkinson.

Essa mudança representa um avanço significativo na redução de custos operacionais, especialmente para os produtores de Mato Grosso do Sul, que poderão acessar novos mercados com maior eficiência e previsibilidade.

Novas oportunidades

Além de fortalecer a pecuária e as culturas agrícolas já consolidadas, o Corredor Bioceânico abre novas oportunidades para a diversificação da produção. Um exemplo é a citricultura, que está em plena expansão em Mato Grosso do Sul, assim como o potencial para o desenvolvimento de outras frutíferas e produtos industrializados, como a crescente indústria do amendoim. Outro setor que pode se beneficiar significativamente com a rota é a piscicultura. Diante desse cenário, Bertoni destaca a importância de os produtores rurais se prepararem para essa nova fase do agronegócio sul-mato-grossense.

“Inicialmente, os produtos do agro com maior potencial para exportação são carnes, alimentos processados e celulose. Já as importações poderão incluir fertilizantes e insumos agrícolas, reduzindo a dependência de outras rotas logísticas e otimizando custos”, analisa o presidente da Famasul.

A infraestrutura da Rota também impulsionará o crescimento de cidades ao longo do trajeto, como Porto Murtinho (Brasil), Carmelo Peralta (Paraguai), Pozo Hondo (Paraguai) e Missão La Paz (Argentina), e incentivará o intercâmbio cultural, turístico e educacional, promovendo desenvolvimento econômico e social nessas regiões.

Desafios e perspectivas

Para a efetivação completa do Corredor Bioceânico, algumas obras ainda estão em andamento, como a ponte binacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, o contorno rodoviário na BR-267 e o asfaltamento da estrada Picada 500, no Chaco paraguaio. O governo federal também incluiu a Rota Bioceânica no projeto Rotas de Integração Sul-Americana, que visa mapear e impulsionar obras estratégicas nas regiões fronteiriças do Brasil.

Parkinson destaca que a transição da logística tradicional para o modelo bioceânico exigirá um esforço conjunto dos setores público e privado.

“Estamos criando um corredor em uma região de fronteira que esteve por muito tempo negligenciada. A mudança do eixo logístico do Atlântico para o Pacífico requer transformações profundas. O próprio empresário precisará entender que ele também pode ser exportador e protagonista da sua logística”, conclui o ministro.

Por: Assessoria de Comunicação do Sistema Famasul
Fotos: Saul Schramm/Segov MS