Pela primeira vez, o Brasil envia materiais genéticos de fruteiras, forrageiras e soja ao Banco Mundial de Sementes. Seis unidades de pesquisa da Embrapa participaram com amostras que foram remetidas à Europa pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF).
As fruteiras e forrageiras serão armazenadas no banco genético de Svalbard, na Noruega, como cópias de segurança. Já o germoplasma de soja fará parte do ‘Experimento sobre a longevidade de sementes em 100 anos’, conduzido pelo Nordic Genetic Resource Center (NordGen), da Suécia. A Embrapa é a única instituição do continente americano participante desse experimento.
Segundo a supervisora da Curadorias de Germoplasma Vegetal, pesquisadora Aluana Gonçalves Abreu, a equipe do Banco Genético da Embrapa (BGE) preparou um total de 370 acessos (amostras) de sementes. O volume foi armazenado em embalagens catalogadas com código internacional para cada cultura e hermeticamente fechadas para a viagem até o arquipélago norueguês de Svalbard, que guarda cópias de segurança de sementes de vários países, mantidas em uma temperatura constante de -18°C.
As amostras de fruteiras escolhidas para o envio foram de caju, com total de seis variedades, e de maracujá com 13 variedades. Também estão na lista das sementes, que vão estrear em Svalbard, 186 acessos de 17 espécies de forrageiras e 17 variedades de soja. A única espécie que não vai para a Noruega pela primeira vez é o milho.
Esta terceira remessa é um conjunto de acessos de 143 variedades. Os três envios desta cultura permitem a preservação de 494 (cerca de 11 % do total do acervo do BAG) de acessos de origem brasileira na reserva mundial de sementes, bem como a duplicação dos acessos destes grupos que até então não estavam integrados ao Banco Genético da Embrapa.
Um projeto para 100 anos de pesquisa
Aluana Abreu explica que, do total de 370 amostras para a Noruega, cinco são sementes de soja destinadas apenas ao Experimento da longevidade de sementes. Único representante das Américas a fazer parte da pesquisa promovida pelo Banco Mundial de Sementes de Svalbard, o material é oriundo do BAG da Embrapa Soja (Londrina-PR).
O pesquisador Juliano Padua, supervisor do BGE e curador da Colbase (Coleção de Recursos Genéticos), explica que o experimento do banco Mundial de Svalbard vai analisar a longevidade das sementes durante um século – o que pode parecer muito tempo para cientistas do Brasil em 2022, mas possivelmente uma bela herança às futuras gerações de pesquisadores. “Esse é um trabalho que começa com nossa geração e se prolongará para nossos descendentes. Além disso, a humanidade continuará a depender de recursos genéticos para sobreviver”, diz o pesquisador.
Embora os cientistas tenham conhecimento sobre o princípio básico para a conservação das sementes, ainda há lacunas a serem respondidas, incluindo para culturas alimentares importantes para a humanidade como soja, cevada e trigo.
Durante um século, serão analisadas amostras de 13 culturas. As sementes são oriundas de instituições de pesquisa dedicadas à agropecuária na Alemanha, Brasil, Índia, Portugal e Tailândia.
Texto: Deva Heberlê/Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
Foto: Egroll/Pixabay