Pesquisadores e técnicos discutem ações para minimizar o avanço do Caruru-gigante

Inicialmente identificado no estado de Mato Grosso, em 2015, a Amaranthus palmeri, ou Caruru-gigante, é uma planta daninha quarentenária, de grande risco sanitário para o Brasil. O segundo estado a detectar sua presença foi Mato Grosso do Sul, em lavoura de Naviraí, no final de 2022.

Para dar conhecimento sobre essa planta daninha exótica e buscar soluções, foi realizado seminário para discussões entre diversos segmentos da cadeia agropecuária, especialmente a agrícola, em um evento on-line.

Entre os palestrantes estava a Fiscal Estadual Agropecuário e Engenheira Agrônoma, Glaucy da Conceição Ortiz, da Gerência de Inspeção e Defesa Sanitária Vegetal (GIDSV) da Iagro, que falou sobre a situação do Amaranthus Palmeri no Mato Grosso do Sul e as medidas fitossanitárias aplicadas pela agência estadual. No evento, foram exibidas fotos da planta e do local onde a mesma foi detectada por um técnico da Iagro, em Naviraí. Apenas uma confirmação ocorreu no município.

“O segundo foco em Aral Moreira foi resultado da vigilância passiva, o produtor já tinha recebido informação da Iagro, quando ele percebeu que algumas plantas estavam se destacando em tamanho e que estava tendo dificuldade de retirar, ele mesmo iniciou a coleta e a incineração desse material”, explicou Glaucy Ortiz.

Em seguida, foram feitas as ações de vigilância e inspeção da área pela equipe da Iagro. Foram cinco confirmações em Aral Moreira. Os trabalhos continuam na região, com raio de 10km, o que equivale a 26.400 hectares que serão vistoriados.

Além disso, as equipes da Iagro investigam rotas de risco e levantamento de detecção da praga em outras regiões do Estado. Glaucy Ortiz também falou sobre as medidas fitossanitárias para o controle do trânsito de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, estabelecidas pela PORTARIA IAGRO Nº 3694, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2023.

Clique aqui para conferir a íntegra da apresentação da gerente de Inspeção e Defesa Sanitária Vegetal (GIDSV) da Iagro, Glaucy da Conceição Ortiz.

O pesquisador Fernando Mendes Lamas, da Embrapa Agropecuária Oeste, foi o moderador do evento, e alertou: “A Amaranthus palmeri é uma planta daninha de difícil controle, de crescimento muito rápido, que pode competir significativamente com as culturas, principalmente milho, algodão e soja”. Participaram pesquisadores e técnicos ligados à agropecuária de 20 estados brasileiros e do Distrito Federal.

Harley Nonato de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, enfatiza que a planta infestante “causa grandes preocupações, não só pela agressividade que incide, mas também pela capacidade desta planta selecionar resistência. Por isso é de grande importância termos todas essas instituições [no seminário on-line] para debater sobre este assunto, conter o avanço dessa planta daninha em Mato Grosso do Sul e discutir as ações que precisam ser colocadas na prática. A melhor forma de combater o inimigo é conhecer-lo bem e através de discussão, de compartilhamento de conhecimentos, encontrando as melhores maneiras de conter essa planta. E essas ações que vamos abordar [no seminário] servem não só para Mato Grosso do Sul como para todo o Brasil”, disse Nonato.

O vídeo já contabiliza mais de 3,5 mil visualizações desde o dia que foi transmitido ao vivo em 2 de março de 2023.

Disseminação da planta

Existem várias espécies de caruru. No seminário, tratou-se da espécie Amaranthus palmeri , conhecida como caruru gigante. Essa espécie apresenta elevada capacidade de competir com a soja, milho e algodão. O que se sabe é que, possivelmente, a chegada do Amaranthus palmeri a Naviraí aconteceu por meio do trânsito de máquinas agrícolas, principalmente, colheitadeiras, assim como se acredita que aconteceu no primeiro relato da planta exótica no Brasil, em Mato Grosso, no ano de 2015.

Mas também podem ser disseminadas, por quedas naturais, canais de irrigação, compostos para adubação e esterco animal, e por pássaros e mamíferos.

Caracterização da Amaranthus palmeri

É uma planta daninha prolífica, ou seja, que produz sementes em grande quantidade, podendo chegar a 250.000 de sementes por planta. As sementes são pequenas, lisas e arredondadas e sua cor pode variar do marrom-avermelhado ao preto. Pode crescer entre 2,5 cm a 4 cm por dia, com isso as aplicações de herbicidas pós-emergentes tornam-se complicadas. O formato da folha é rasteiro e de espinho que pode apresentar lâminas foliares variando entre o formato de ovada a rômbico-ovada, pode crescer até três metros de altura, apresenta folhas largas e flores verdes em forma de espiga.

Saiba mais sobre a planta

Confira nas publicações como Caracterização e manejo de Amaranthus palmeri (https://bit.ly/3JxqtCd) e Estratégias de controle de Amaranthus palmeri resistentes a herbicidas inibidores de EPSPs e ALS (http://bit.ly /3mdqLol).

Fonte: Sílvia Zoche Borges/Embrapa Agropecuária Oeste com acréscimo de informações

Foto: Dionísio Luiz Pisa Gazziero